21 de Outubro de 2024
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Redigido por Beatriz Neves
Inteligência de mercado
O mercado imobiliário no Brasil apresenta alta nos preços, mas com uma desaceleração no crescimento das vendas residenciais e uma divergência no comportamento dos aluguéis. O setor de construção continua enfrentando pressão nos custos, especialmente em mão de obra e materiais, impactando o crescimento. No financiamento imobiliário, as concessões de crédito têm mostrado avanços, mesmo com a alta da Selic, e esperasse uma queda nos juros no próximo ano. Esse cenário cria oportunidades para o segmento de estúdios compactos, que se destacam como uma opção atrativa para investidores e moradores urbanos. O crescimento das emissões de FIIs e CRIs favorece ainda mais esse tipo de investimento, garantindo liquidez e incentivando o desenvolvimento de novos projetos.
Mercado Imobiliário: Alta nos Preços e Divergência nos Aluguéis
Os preços dos imóveis no Brasil continuam elevados, mas o ritmo de crescimento das vendas residenciais desacelerou em agosto. O Índice Geral de Preços de Imóveis Residenciais (IGMIR) subiu 0,83% no mês, abaixo do aumento de 1,06% registrado em julho. Apesar disso, o crescimento acumulado em 12 meses passou de 12,1% para 12,3%. O índice FipeZap de vendas residenciais também manteve a tendência de alta, com um avanço de 0,76% em agosto, repetindo o desempenho de julho. Por outro lado, os imóveis comerciais apresentaram uma leve queda de 0,12%, permanecendo estáveis nos últimos 12 meses.
Em relação aos aluguéis, os índices mostram comportamentos diferentes. O Índice de Variação de Aluguéis Residenciais (IVAR) teve alta de 1,93% em agosto, revertendo a queda de 0,18% registrada em julho, e acelerou para 10% no acumulado de 12 meses. Já o FipeZap de aluguéis residenciais desacelerou novamente, com um aumento de 0,88% em agosto, e indica tendência de queda em 12 meses, embora ainda acumule uma alta de 14,1%.
Custos da Construção Aceleram com Pressões em Mão de Obra e Materiais
Os custos com construção continuam em alta. Em setembro, o INCC subiu 0,61%, acumulando 5,23% em 12 meses, enquanto no ano o aumento foi de 4,64%. O custo da mão de obra acelerou para 0,64%, enquanto o grupo de materiais desacelerou para 0,60%. Já os serviços tiveram um aumento significativo, impactados principalmente pela alta de 3,1% na conta de energia. O Sinapi também apresentou aceleração em agosto, registrando alta de 0,63%, pressionado por materiais e mão de obra.
Embora a elevação da taxa de juros tenha afetado as perspectivas do setor, o crescimento segue impulsionado pelo programa Minha Casa Minha Vida. No entanto, a escassez de mão de obra qualificada continua a ser o principal obstáculo, elevando custos e gerando a necessidade de investimentos em tecnologia. Ainda assim, a modernização do setor enfrenta desafios como altos impostos sobre produtos industrializados, em meio às discussões sobre a reforma tributária.
Análise da Evolução do Financiamento Imobiliário no Brasil
A recente melhora esperada no saldo da poupança, que poderia impulsionar o mercado de financiamento imobiliário, não se concretizou. Até 20 de setembro, o saldo ficou em R$760,72 bilhões, uma queda real de 0,75% em relação ao valor de agosto.
O mercado de crédito imobiliário, por sua vez, tem demonstrado avanços importantes. Em agosto, as concessões de crédito totalizaram R$21,6 bilhões, com um crescimento acumulado de 20,2% em 12 meses. Embora o cenário de alta da Selic traga preocupações para o setor, o impacto parece já estar precificado nas operações de longo prazo. Com a inflação sob controle e o governo comprometido com a meta fiscal, a expectativa de queda nos juros para o próximo ano deve beneficiar ainda mais o crédito imobiliário.
Impacto nos Stúdios Compactos e Investimentos
Esses dados são especialmente relevantes no cenário atual, onde o segmento de estúdios compactos tem se destacado como uma opção atrativa tanto para investidores quanto para moradores em busca de soluções urbanas mais acessíveis. Com o crédito imobiliário mostrando sinais de recuperação e a expectativa de redução nos juros no médio prazo, os investimentos em estúdios compactos podem se beneficiar consideravelmente.
Os estúdios compactos, geralmente menores e mais econômicos, são atraentes para investidores que buscam alto retorno com menor exposição ao risco. Eles se encaixam perfeitamente no perfil de quem busca rentabilidade com aluguel, especialmente nas grandes metrópoles, onde a demanda por moradias menores é crescente. A possibilidade de obter financiamentos com condições mais acessíveis também facilita o acesso desse público a esses tipos de imóveis, ampliando o leque de potenciais compradores e investidores.
Além disso, com o aumento nas emissões de FIIs e CRIs, estúdios compactos tendem a se beneficiar como ativos que podem ser securitizados, ganhando liquidez no mercado financeiro. No longo prazo, essa movimentação também pode incentivar uma maior participação do setor privado em projetos desse tipo, criando um ciclo virtuoso de investimento e desenvolvimento imobiliário.